O PAVOROSO PADRÃO DA PLATEIA PARA O SUICÍDIO

(escrevo esse texto bastante preocupado com uma situação específica que ando percebendo nas mídias sociais)

Por Carlos Correia Santos - Educador e Terapeuta

O que nos incita e move no jogo social? Quais são os nossos reais propósitos de convivência? Que compromissos relacionais assumimos quando nos colocamos no convívio com o outro? Todas essas são perguntas importantes, fundamentais, cruciais para a saúde social. Se você nunca se fez nenhuma dessas indagações, pare um pouco e exercite começar a fazê-las.

Assim como nós próprios, o  outro que está ao nosso lado é sempre um ser de demandas. A pessoa que nos acompanha na vida, a pessoa que nos cerca, que nos tangencia... mesmo em silêncio está sempre, de uma forma ou outra, solicitando esse ou aquele retorno.

A devolutiva emocional, entretanto, tem se tornado uma das maiores precariedades humanas contemporâneas. Simplesmente o ser humano tem perdido a habilidade ou mesmo o interesse em devolver a quem lhe cerca coisas mínimas, como atenção e respeito.




Ao seu lado, nesse momento, provavelmente tem alguém lhe pedindo socorro. E essas gritas podem até parecer sutis. Mas são claras. Pare e olhe para isso. Olhe para o outro. Devolva-lhe percepção. Ajude-o a perceber que ele NÃO está só. Ouça o seu pedido de ajuda. Ele quase sempre é urgente.

Mas não...

O que temos nos dedicado a aprender malditamente é o talento de ser plateia para o suicídio. Não compreendeu? Você compreendeu, sim. Não fuja desse entendimento óbvio!

As pessoas ao nosso lado pedem socorro e no lugar de ajudar, agiganta-se o empenho em  fazer a pessoa se perder mais e mais. Você sabe que aquela pessoa não está bem e, ainda assim, incita, provoca, instiga, cutuca, estimula. Faz com que o mal evidente nela não possa ser suplantado... você vai além... você potencializa o mal evidente no outro.

Pois saiba: fazendo isso, você é um espectador talentoso da plateia do suicídio. Está ajudando a matar aquela pessoa. Sem sair ai do seu cantinho sádico, você está imprimindo sua mão nas costas daquela pessoa que já está caminhando para o abismo. Sua atitude irresponsável de incentivar ou mesmo se calar... é per si um EMPURRÃO.

É preciso parar agora e auxiliar o outro. Pare agora e faça algo. Do contrário o seu próximo e miserável papel será o de criatura carpideira da miséria humana. Chorar sobre o caixão de quem não se ajudou é ser coautor de assassinatos emocionais e sociais.

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Carlos Correia Santos é Psicopedagogo e Musicoterapeuta, especialista em Educação Inclusiva, especialista em Autismo, especialista em Saúde Mental, especialista em Educação Musical e Ensino de Artes, Psicanalista em formação, pós-graduando em TGD - Transtornos Globais do Desenvolvimento.

 

 

 


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